nirvana

Muito inteligente pelo seu comentário, concordo com você. Felipe, sabe que eu já compus o meu soneto com uso direto dos versos decassílabos sobre o veneno mortal do vinho, também eu componho os sonetos decassílabos, até preferi compor o ritmo heroico também e duetei com o J. Udine, para se lembra a morte do Álvares do Azevedo. Sou apaixonado pela leitura da poesia clássica, leia o meu soneto "A maldição do vinho" e tenha a boa leitura, meu prezado Felipe Mendoca.

Meu soneto com dueto ao meu amigo poeta:
http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... tid=952420&#comment952428

Meu soneto contra os teóricos da má indole:
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=249346

Fecha a boca da merda, Lucas Munhoz, sou muito mais clássico que tu! Não vás alcunhar bastante e os seus sonetos são muito clichês bregas, então tome mais vinho e vire macho. Veja o meu novo soneto "Soneto do prazer efêmero II", isso é poesia. Quer comparar com Camões e mim? Então você não merece a alcunha pelo soneto da merda!

Vai à bardamerda, punheteiro Lucas!

agradeço seu incomparável olhar clínico. és dotado de bem mais erudição do que eu e isso só engrandece

não sei o que são rimas consoantes ou toantes, vou me informar

quanto aos versos, procurei seguir a métrica proposta rigidamente. eis a dividisão silábica e posição das tônicas:

que, / à / Al / ma a / vi / Van / do, / so / be / quen

usei a vírgula para separar "que" do "à", dando pausa à declamação. também o a já está craseado, então alma fica à parte.


ru / mo ao / nir / Va / na, / Nos / so, / lá / à / frente

crase novamente aqui

quanto as figuras batidas, concordo plenamente. amor é tema tão batido que não há como soar original, sem clichês ou ainda tão bem quanto Camões, Shakespeare e outros. me admira que ainda há quem tente sem vergonha de parecer um apanhado de clichês bregas.

por isso não escrevo sobre amor, a não que desafiado. restou-me enfiar alguns clichês e apresentar duas idéias contratantes: o amor animal do cio e o gozo divino. mas também são clichês rs

ah, e o vinho sobe quente... às cabeças rs

quanto à quebra da homologia das rimas, emrelação ao original: aquele só tinha rimas pobríssimas, terminações em conjugações

abs

Entendi, Fotograma. Tenho apenas duas objeções: 1) a vírgula não indica pausa ou respiração. Ela é, sobretudo, um fenômeno sintático. No caso, ela intercala um termo que está fora do seu lugar usual. A ordem direta do período seria: "bebe desse vinho que sobe quente avivando a alma.". Como você não queria perder a rima, deslocou a expressão "avivando a alma" do seu lugar natural na frase, intercalando-a e dando causa às vírgulas. Com relação à crase, não entendi, porque você a usou já que o verbo "avivar" é transitivo direto e, portanto, não pede complemento antecedido por preposição "a". Ademais, o "a", craseado ou não, nesse caso, é átono, logo ele se junta à sílaba mais forte seguinte, iniciada por vogal: o "al" da palavra "alma". Isso se chama ditongação, um processo fonético muito comum em língua portuguesa, de modo que o "a" e a primeira sílaba da palavra "alma" formam uma única sílaba poética. Vou mais além: como "que" é tônico e surge, no verso, seguido de uma átona que se une a uma tônica, inciada pela mesma vogal (a), o "que" acaba por atrair as outras duas, formando com elas uma única sílaba poética. Nesse caso, temos uma tritongação. 2) No caso do último verso, a explicação é a mesma. Apesar do "a" estar com crase, ele continua a ser átono, logo é atraído pela tônica mais próxima terminada por vogal. No caso, o "lá", fomando com ele, portanto, uma única sílaba poética. É claro que, numa leitura artificial, forçando pausas onde elas não precisam existir, você consegue o decassílabo, porém numa leitura espontânea e natural, o bom ouvido logo percebe que o ritmo dos versos citados destoa dos demais.

"Como você não queria perder a rima, deslocou a expressão 'avivando a alma' do seu lugar natural na frase"

sim, é assim que se faz versos: rearranja-se a ordem das palavras até obter o efeito melódico necessário. alguns acham que versificar é simplesmente pegar uma prosa mundana e quebrar as frases aqui e ali e a isto chamar "versos". tu sabes que não.

francamente, não declamo "à alma" como "àlma" de jeito nenhum. há claramente 2 "a"s soando. um hiato há aí

declamando "avivando a alma" eu faria a elisão do "a" com o "o" anterior. mas a ordem não é esta

usei até mais virgulas que de costume para deixar mais claro, mas me parece que tens tua leitura favorita e não importa que tipo de marcação eu use, sempre serás a tua. é uma prerrogativa do leitor, claro...

de qualquer forma, foi um soneto brochante. pode-se imaginar o poeta ao lado duma bela morena, em meio a vinhos e delírios sensuais, mas na verdade fi-lo motivado apenas pelo desafio, em meio a reclamações da filha pré-adolescente de que não lhe dou a devida atenção etc rs

Sei muito bem o que é isso: escrever com alguém ao lado reclamando por atenção. De qualquer forma, quero frisar que a leitura que faço é baseada num dado objetivo: a fonética. E como o peculiar da poesia é o ritmo, a musicalidade, em suma, o som, não é difícil perceber que os fenômenos fonéticos transpõem-se à poesia. Quando você diz que está é a minha leitura, na verdade, ler /à/ /al/ma invés de /à al/ma é que é uma leitura bastante peculiar, diferente da leitura usual, pois por ser átona esta sílaba forçosamente acaba apoiando-se numa tônica. Não fui eu que inventou está regra. Isto, como falei, é um fenômeno fonético, a ditongação. Basta consultar qualquer manual de lingüística para comprovar o que estou dizendo. Mais peculiar ainda é pôr uma crase no "a" diante de um verbo que pede como complemento um objeto direto. A despeito destas incongruências, o soneto não está ruim. Pelo contrário, tem o seu encanto e apresenta boas soluções sintáticas. Grande abraço.

nunca ouviu expressões como "amar a deus"? amar também pede objeto direto, mesmo assim, é usual...

bom, vou manter a crase para favorecer a pronúncia com hiato rs

abs

"Amar a deus" é uma expressão cristalizada na língua, consagrada pelo uso, a despeito do desvio da norma que ela encerra. Não é o caso de "avivar à alma."