Poemas : 

Porto seguro

 
Porto infinito

A cidade de Valença
viaja rumo às águas doces.

Transporta-se também
destino ao mar aberto
salgando sempre as mesmas almas.

Nas margens do bairro do Tento
erigem-se monumentos
a desígnios inteligentes
de cálculos mais-que-perfeitos.

Na orla do rio Una
habitam os guardadores
da aventura: mestres
a quem adivinho e exalto
do horizonte da minha paisagem
de arquiteto pobre.

Nessas mesmas margens
que reúnem cálculos
que arquitetam barcos
que levam a portos
ouço o vaivém das enxós
sobre o tronco das jaqueiras.
O ruído sem fim
vai ferindo as águas distraídas
do rio Una
enquanto o ofício que constrói
trai memórias
de rodas de outrora.

Discípulo do desenho
do grande arquiteto
quero recordar.

Traço teias
reúno e emendo
sem descanso
na rede do projeto.

Aspiro a maresia
repouso o corpo
nas bacias das lagoas.

Calculo a escora
do corte sobre as madeiras
ancoro o barco do meu sonho
e tento deter a dispersão.

Embarco e desembaraço
com paciência
os fios d’água desta história

Diviso o oculto
demarco as vistas
e zarpo ao porto infinito.

 
Autor
Heloisaprazeres
 
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Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 15/07/2013 01:53  Atualizado: 15/07/2013 01:53
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 Re: Porto seguro
Boa noite Heloisa, do auto das nossas observações, sentimos as sensações diversas ao vermos a destruição suicida causada pelo homem aos mananciais que lhes provem a vida, parabéns pelo seu contundente poema, um grande abraço, MJ.