Poemas : 

EPOPÉIA DA MARCHA PARA O OESTE

 
O portal da aurora translúcida foi aberto
No ponto mais alto da Serra do Roncador
Auriverde pendão fincado
Pela Bandeira Piratininga,
Dourado céu, púrpura-anil respinga,
Germina o porvir, Semente do Sol,
Transcende a civilização no crisol.

Um pouco antes... Xavantes,
Pouco depois, Bandeirantes
do Século XX
Seguem o traçado de memória,
Lei maior que determina
Novo rumo na história.
Tempos de sonho-realidade,
Eldorado, entre constelações
O manto azul bordado,
Cruzeiro do sul ... Três Marias,
O caminho todo estrelado,
Via láctea do elo reconhecido
Entre o presente e o passado
De povos que, de repente,
Têm um encontro marcado.

Sombras toscas da noite descem
Sobre o mistério revelado,
Rompem estalos no limite possível
do imaginário,
Onde o cerrado retorce o tronco
E brota do chão uma flor...
Mãos, botas e facas abrem picadas,
Avançam os pioneiros no sertão,
Deixam marcas, cinzas, braseiros
E passos ...
Na pista do desconhecido atalho,
Segue a expedição, inicia o trabalho...

Do Roncador ao Xingu
Penetrar a Amazônia,
Pelo Brasil Central
Demarcar nova estrada,
Antes que seja tarde... Liberdade...
Vai nascer a capital,
Brasília ... A Cruz Bendita,
No Planalto Central...
No coração brasileiro, criar vilas e cidades,
Expandir o celeiro, avançar no ideal.

Segue o homem o rastro do cometa sideral
Qual estrela anunciadora,
Nova manjedoura da mistura racial,
Raça Cósmica anunciada
Pelos modernos profetas,
Fruto das dores e esperanças
De toda a humanidade.

Entre as colunas das Serras
Do Roncador e Mantiqueira,
Ergue-se, bem alto, a fogueira
Da vida que se fermenta
Após a última tormenta,
Antes do próximo final...

Gira o tempo...
A ampulheta registra
Nova conquista,
No tilintar dos metais
Confundindo enxadas e bateias,
Ganância de ouro nas areias,
No rastro do século XVII
Garimpeiros moendo a rocha do Araés,
Veios que indicam riqueza e peste
Na Marcha para o Oeste.

Antes, luta de descobertas,
Hoje, luta de posse das glebas.
Cresce o Vale do Araguaia,
Última cruzada que indica
O lastro do sagrado que edifica,
O Santuário do vir a ser.
Além da última fronteira,
Após a travessia do Rio das Mortes,
Da ponte que religa tantas sortes,
Água verde-esmeralda purifica
O vislumbre celeste das hostes.

Reencontro de ambições e festas,
Soma de lições de um povo que atesta
A coragem desses homens
Que abraçaram esta missão
De abrir caminhos novos de civilização.
Pioneiros destemidos
Caminhando no sertão,
Rompendo a fronteira do desconhecido,
Realizando a Expansão

Avante, Geo-Centro!
Avante, Brasil Central!
Ergue bem alto esta tocha,
Faz brilhar esta estrela!
Revive o sonho-celeiro,
Alvorada de luz ...
Vitória da vida que reluz
No Centro-Oeste Brasileiro.

1991


 
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Nazareth
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