Amantes de outono
Todo o tempo tem seu dono
E no tempo do outono
Logo que o ar arrefece
A natureza adormece
Num desconforto,num tédio,
Mas no seu constante assédio
O sopro intenso do vento
Agita em seu movimento
Toda a caduca folhagem
Que se solta da ramagem.
No ar então esvoaça
Num vaivém cheio de graça,
Num bailado multicor
De gestos sem um clamor.
No sopro do vento ao colo
Forma tapete no solo.
E o vento continua,
A árvore fica nua
Das folhas,sem o vestido,
Corpo de frio transido
Na paisagem espetral,
Sinal do tempo outonal.
Mas pelo tempo adiante
O sopro do vento afaga
O seu corpo assim exposto.
São carícias de amante
Que dessa maneira paga
Da sua nudez o gosto.
Juvenal Nunes