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No breu da noite campeiam
Agudos gritos irados,
Uivos ermos enxameiam
Por congostas e valados,
É nublada a lua cheia
Sob a mais espessa teia.

Vestem escuras roupagens
Vultos em levitação,
Agitam-se as ramagens
Sem sopro de viração;
Em alcândaras pousadas
Velam aves agitadas.

São longas as cabeleiras
De bruxas em danças velhas;
Ecoam pelas costeiras
O tilintar das sortelhas,
Após breve mutação,
Descansam em suspensão.

E dá-se a transformação
Numa só coloração
Das aves espavoridas.
Em penas brancas vertidas
Tecem voos de brancura,
A noite é nitente alvura.

Almas velhas de druídas
Ressumam do seu torpor
E no branco conduzidas,
Nas aves são encantadas
Sem o mais leve rumor,
Indelével voo etéreo
Por todo o espaço sidéreo,
Na quietude do vento
Fazem daquele momento
De lenidade lunar
O mais perfeito avatar.


Juvenal Nunes

































 
Autor
Juvenal Nunes
 
Texto
Data
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1882
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