Contos : 

A Caixa

 
Disse-se uma vez, que quando uma mente é alargada por uma nova ideia, ela nunca mais retorna as suas dimensões originais. É uma verdade. Um dia você acha que é parte de seu corpo, e num outro dia acorda, entendendo que o seu corpo que é parte de você. Tudo ao redor, então, se torna pequeno, sem importância, porque na verdade, elas não estão mais ao redor de ti. Mas você que abarcou todas elas. É como olhar a esfera que te envolvia, vê-la de fora, mas ao mesmo tempo, vê-la por dentro. É ver todos os seis lados de uma caixa fechada, ver o que tem dentro dela e todos os seus seis lados externos. Ver as suas arestas, os seus vértices... Todos! Num tempo só!
Mas, isso implica assistir todas as coisas, tomar conhecimento de tudo. E já foi dito que quanto mais aumenta o conhecimento, mais aumenta o pesar... Conhecer todas as coisas é uma vantagem ou uma maldição? A ignorância é uma benção?
Você vive num mundo, tomemos o Brasil, por exemplo: onde todas as coisas são veladas. O comportamento das pessoas, os negócios escusos, as opiniões, as meias verdades. Você se sente feliz, pois na verdade, da verdade sabe nada, e é confortável viver achando que as pessoas se comportam bem, os negócios são honestos, as opiniões são justas, as verdades são meias... Mas, então, eis que passa a ver todos os lados da caixa, ao mesmo tempo, e entende que as pessoas são dissimuladas. As opiniões são maldosas, os negócios cheios de segundas intenções, as meias verdades nem sequer são verdades...
Se você é uma pessoa sensível, e idealiza o mundo e as pessoas, já sabe qual é a primeira consequência de sair da caixa... Depressão, desilusão. Se você é realista, e acha que nem é preciso sair da caixa para conhecer a verdadeira natureza do mundo e das pessoas, então você não sabe da “missa a metade”, como dizem por ai. Porque a coisa é pior do que parece.
Imagine que você é um pintinho... rsrs... - não abuse da sorte – a sua caixa é um ovo, logo, é o seu mundo. Você, de repente, põe a cabeça pra fora... e descobre que o mundo é muito grande e que todos lá fora querem comer você!
Bem, esse pode ser um motivo pelo qual a grande maioria ainda viver dentro da caixa. Porque é mais confortável não saber. Não pensar. Gostamos que saibam por nós, pensem por nós.
Mas há uma vantagem em sair lá de dentro, libertar-se. Entender a sua ex-prisão de todas as perspectivas. Não é sobre apenas bater as suas asas, exercitá-las contra o vento, e apesar do vento. Pois é a resistência do mesmo que eleva a asa e nos sustenta no ar. A vantagem consiste em dar valor ao que se sente, não ao que se vê. Pois ver, ver mesmo com os olhos, só te levará a ver a caixa por fora, três lados de cada vez.
Mas é sentindo que se percebe os dois lados, dentro e fora da caixa, as suas arestas, os seus ângulos, a sua alma. A alma é a essência de tudo! A realidade é parte da essência, e não ao contrário. A alma cria a realidade, e nunca poderá encontrar o criador na criatura. Tudo isso é só para parafrasear um grande escritor, que disse: “O essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração.”



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London
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