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A Mão Direita do Diabo Parte 12

 
Orfeo não sabia o que dizer diante de seres tão incríveis. Imaginou-os monstros, e encontrou seres quase celestiais. Ficou ali, parado e calado, feito bobo, e teria ficado por muito tempo mais, se um dos tempestários não tivesse se apresentado:
-Sou Oreanaces. Estes são os meus irmãos – e citou o nome de cada um deles. - Devo parabenizar-lhe por ter despertado o guia e chegado até aqui!
-Ah sim... Sou Orfeo...
-Deve ter sido difícil Orfeo, encontrar a rosa azul...
-Rosa azul?...
-Sim, a pérola...
-Ah, claro... Me lembrei! Mas eu tive ajuda...
-Imagino que teve. Mas diga-me, o que acha de nossa cidade?
Orfeo ficou calado, olhando ao redor por um bom tempo, sem palavras para responder Oreanaces. Olhava as cachoeiras caindo lá na frente, e o brilho do sol em cor de esmeralda por sobre as copas das árvores, e as névoas das nuvens que invadiam Limn, subindo pelas colinas atingindo as casas.
-Aqui é o paraíso? – perguntou com os olhos cheios d’água, lembrando-se que pode ter perdido aquele lugar para sempre, ao vender a sua alma a Zack.
-Você nos honra com a sua gentileza. Mas aqui não é o paraíso. É só um pequeno pedaço da Terra, livre dos homens.
-O que contam sobre vocês é verdade?
-O que contam sobre nós? –sorriu Oreanaces. –Contam tantas coisas diferentes... Em cada hemisfério da terra, debaixo de cada língua ou dialeto, temos nomes, formas e cores diferentes. – sorriu de novo. –Então, não sei como pode ser verdade o que contam sobre nós.
-vocês roubam crianças de seus berços? Raptam pessoas para sumirem com elas e nunca mais voltarem?...
Oreanaces deu uma gostosa gargalhada e as suas asas abriram atrás das costas, como quando uma borboleta rompe o seu casulo e ganha a liberdade. Até então, elas estavam ocultas atrás dele, como que para não impressionar ou magoar Orfeo.
-Desculpe-me Orfeo, eu não pude me conter. Mas devo admitir que é verdade sim, meu simplório amigo.
Orfeo assustou-se e arregalou tanto os olhos que por pouco estes não pularam de suas órbitas. Ele esperava que Oreanaces negasse tudo, nem que fosse por gentileza.
-Olhe Orfeo, ao seu redor, e me digas o que vês. Daqui de cima nada nos é oculto. Não vemos apenas os picos das montanhas mais altas, nem as costas das nuvens mais belas. Vemos as pessoas como elas realmente são. E devo lhe dizer, devotado amigo, que quando sabemos que uma pequena criança é maltratada, pois saiba, rapaz, muitas o são, não hesitamos em trazê-las para cá, e isso é uma verdade, por dois motivos. O primeiro: elas não farão falta aos seus pais. E o segundo: os seus pais não farão falta a elas. Quanto a raptar pessoas e sumir com elas, às vezes necessitamos da ajuda de alguns irmãos lá de baixo, ou, eles mesmos nos procuram. Então, descemos e os trazemos para cá. Mas na hora de voltar, eles recusam. Você voltaria lá pra baixo Orfeo, se coubesse a ti escolher?
Orfeo sorriu. Saberia que ficaria ali pelo resto da sua vida, se ele pudesse escolher.
-Zack me mandou até aqui, ele me pediu...
-Sabemos o que ele te pediu. Sabemos tudo, lembra-se?
-Sim, eu me lembro... Diante disso, posso lhe fazer uma pergunta?
-Quantas quiser.
-Quem é Zack? Ele é realmente um demônio?


j

 
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London
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