Sucateiro do tempo Levanta-se com o sol Percorres quarteirões N’ânsia de emprego achar, Sempre que duma porta Se aproximar Aciona-se botão rejeitar, Se-lhe-fecha a porta Na sola dos sapatos Puídos pelo tempo. Desolado, Apanha boleia do sol poente Pra favela adormecida, E na solidão do seu cúbico, Manda tempo perdido Pra sucata da sua dor.