Poemas : 

Perdoem-me os filhos...

 


Como folha do carvalho
arrancada da fronde nativa,
vi a vida impulsionado
por uma guerra brutal.

Perdoem-me
os filhos, irmãos, as esposas,
que oraram pelos cadáveres
que ajudei a sepultar
nas covas rasas de campanha
cobertas por uma pá de cal,
duas ou três pedras pesadas
evitando que os lobos
revirassem as sepulturas.

Mães, irmãs e esposas
clamaram por deus em voz alta
- se ele ouve cada oração não foi presto.
com os filhos na distância,
que nas trincheiras não estão respirando
permeada a boca de moscas
aguardando funerais.

Como folha ordinária
de caderno de rascunho
a vida foi exercício,
foram rabiscos
a serem passados a limpo
num dia qualquer
quando a consciência permitir

A menina chora,
cora arrancando do seio
um lenço azul.
Mães choram procurando deus
que não responde orações
afinal uma guerra
não ocorre sem vitimas fatais,
sem cadáveres insepultos,
apodrecendo ao sabor do tempo inclemente

 
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aziago
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Enviado por Tópico
sarcopio
Publicado: 05/02/2016 20:09  Atualizado: 05/02/2016 20:09
Da casa!
Usuário desde: 21/03/2013
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 Re: Perdoem-me os filhos...
Poeta, vim ler teu poema atraído pelo título. achei que depois das rectisciências haveria um palavrão.
sou um pacifista de nascença e não me atrai os assunctos ligados à guerras, sejam elas quais forem. mesmo assim, um poema forte dada a feicção e gênero afectos. Um abraço