Textos : 

O primeiro caderno amarelo- XX a XXIII

 


XX

Uma manhã de domingo de sol. As meninas na sala. Clarinha é a mais expansiva, conta-me as suas novidades. Fechei um negocio com a Vovo Zinha da da rua 20. Farei uma tampa de cisterna com a sobra da chapa de Paulinho. peguei vinte reais de adiantamento e retornei para a oficina, fumar "unzinho". Na volta, no bar Varandão Penha do encabuloso do Lourival bem no meio da ladeira, Sebudo recém saído da Penitenciaria de Pedrinhas,bebia uma garrafa de cerveja e contava as suas bravatas. Na Praça do Arraial, a minha alegria ao ver um senhor agachado traçando uma folha de coqueiro para fazer uma porta de mensaba. Aproximei-me e baixei-me ao seu lado para observar melhor a sua arte. Minha cunhada chega com umas compras e com sempre reclamando da situação critica que em que nos encontramos financeiramente. Continua cozinhando no fogareiro.
Mas a tarde. A casa cheia. Tia Amparo, um colega de Seu Carlos, o valet entra sutilmente e vai para a sala do computador sem pedir licença. Para completar comprei uma galinha assada, macarrão e meia dúzia de ovos. Dois sacos de carvão e uma Coca-Cola genérica. Antenor pede licença para usar o computador, Seu Carlos resmunga baixinho.
- essa menina só sabe atentar - Diz a minha cunhada estressada na cozinha - Ele já foi na Feirinha, comprar um bom litro de uisque para beber com os colegas, quisesse teria comprado o botijão de gás.
Para perturbar a paz, Tia Amparo diz que perdeu uma bolsinha aqui e está como uma possessa procurando-a.
Meio-dia e vinte cinco minutos - Dudu lê alguns trechos do Diário de 1993 ano que nasceu. Tomo uma dose de cachaça e as meninas se soltam bagunçando a seu feitio.
- Domestiquei, Bruce - Empolga-se Dudu que emocionou-se ao assisti a grande serie americana que fez muito sucesso nos 70 - Kung Fu com David Carradine.
Um pouco ébrio, um pouco acima do chão. Um soluço me perturba. Dudu no computador. Vou me recolher.

XXI

No ante-penúltimo dia de maio numa noite de terça-feira. Um dia péssimo Uma ressaca dos diabos. Enchi a cara e apaguei por completo. A boca amarga, o corpo moído, uma fraqueza - não trabalhei um indisposição, a garganta inflamada - minha moral em baixa

XXII

Quase meio-dia do penúltimo dia do mês. Soldei outra banda do portão, mesmo me sentindo muito mal. Danielzinho vai passar alguns dias conosco, discutiu com a mãe e como sempre vem se refugiar aqui.

Tarde escrevendo no quarto de Madrecita, deitado na rede dela e o caderno sobre o colchão fétido de suor e urina de gato. Encerrei a leitura de "Moll Flanders" de Defoe, um bom livro, um clássico escrito em 1683. Levanto-me da rede com o exemplar e colocou-o na estante dos outros grandes mestres da sagrada literatura. Venho sentar-me o terraço, na sala faz muito calor. trago Madrecita também, estamos sendo açoitado por uma brisa cálida que vem com cheiro de mar das bandas do mangue. Seu Nezinho acompanhou o meu triste trajeto etílico na fatídica manhã de segunda feira embriaguei-me desnecessariamente. Até ontem ainda estava ruim. Hoje cumpri a meta e espero continuar assim com o trabalho A vista magnifica e natural do mangue. Uma pipa no ar. Madrecita seria e seus pensamentos alhures. Almocei um bom arroz de cuxá, feijão e uma gostosa carne assada de panela preparada pela minha laboriosa cunhada. Visitei meu filho, a casa esta em reforma. Seu Nezinho dividiu o seu ultimo cinco reais, depois que cortou o cabelo no barbeiro Costa, meu vizinho do lado.

- Já deu água Dona dadá? _ pergunta da calçada Tia Redonda. Ela quer a bom d'agua emprestada. As unhas das minhas mãos estão sujas.

- Ninguém me oferece nada - reclama solitariamente minha cunhada desolada por que as filhas merendam na cozinha um bolo e não oferecem nenhum pedaço para ela. Lendo "Ana Karenina"

Noite - retornando a Casa Bamba, depois dos afazeres noturnos na oficina. Os sobrinhos e o tio sentados nas cadeiras conversam na calçada. O dedo indicador da mão esquerda querendo inflamar devido um pedacinho de ferro incrustado nele acidentalmente. Chorinha late no terraço minhas axilas fedorentas, Nadrecita com seus olhos vazios olhar para a televisão. Nenhuma boa novidade. Na expectativa da espera do livro que nunca chega. Minha cunhada arma no quarto de madrecita uma rede para Danielzinho dormir, passará a noite aqui.

XXIII

Na ultima quinta feira do mês na oficina soldando outra banda do portão. Parei um pouco. O transformador aquecendo demais. Seu Nezinho seguiu para a quitanda de Cardozo tomar uma pura. Estou suando a cântaros, excesso de álcool.

Meio-dia e quarenta na sala de jantar. Tia Amparo a colega de Dadá dos tempos da Zona vem visita-la.

- Mete o dedo no cu - Grita desesperada Minha cunhada para a pequena e irrequieta Clarinha que mexe demais. Daniel almoçando a sombra da televisão no quarto de Larissa que ainda não chegou do colégio, Temeroso de ir ao Seu Raposo com receio de ter aprontado de novo com a minha conduta nada agradável de ébrio. Conclui os portões e Seu Nezinho os pintou. Apareceu uma encomenda e ganhei vinte reais, mas gastei quase tudo com coisas supérfluas - maconha, tilenol e um desodorante e dei cinco reais para Seu Nezinho que muito tem me ajudado sem exigir quase nada.

Noite

Um pouco acima do chão sob o feito da 'bicha louca'. Uma mistura de ervas. A falta de uma companheira. Minha cunhada prepara o mingau para Madrecita e Clarinha que bebe o dela imediatamente, quanto madrecita fica enrolando e acaba irritando minha cunhada . Larissa chega da reunião. Danielzinho voltou para casa, o irmão veio busca-lo.

Finalmente a incansável guerreira senta-se para assistir a sua novela das nove. Madrecita encorujada na sua rede no nosso quarto me chama para procurar o penico e acender a luz. Ela senta-se na borda da rede - Procura meu filho deve esta debaixo da cama. Encontro no cantinho e coloco debaixo da rede. - Obrigada meu filho, que Deus te dê muita saúde e vergonha na cara". Apago a luz e vou para a sala.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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