Que me importa
alimentar esta peregrinação
da alma despindo-se
imigrando
pra junto dos meus silêncios
em oração agora me revigorando
Que me importa
se deixei reservado na colheita
do tempo um triste reflexo
bebericando os ecos desta
solidão
onde te bebo avassaladoramente
tácita, explícita
restrita…casualmente perdida
num beijo que até incita
Que me importa
se no aprendizado dos meus dias
ainda resguardo um tsunami
de versos
transbordando no leito
do tempo deixando cada
toque de um desejo oscilando
entre margens deste sossego
compartilhado a preceito
Que me importa
se já me esqueci de arrumar
as gavetas onde aconchegamos
as memórias
Se apaguei cada hora que depositaste
na ampulheta das minhas esperanças
Se carreguei pra sempre
o velado silêncio escondido
em cada capítulo escrito entre
a multidão de todas as lembranças
contidas num verso sensual e esplêndido
Ali fiquei desamparado
olhando a assépsia do tempo
te levar no perfume do vento
cruzando os destinos plantados
na incerteza dos trilhos
onde ladrilho nossas existências
incubando teu ébrio e inocente
sorriso
onde tropeço deglutindo-te
sem mais reticências
Que me importa…
FC
Re: Que me importa...
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