
Coagular Perpétuo
Nas noites, ando por corredores úmidos,
de paredes altas, cor de chumbo,
odores de vidas sem rumo, sem rima,
e muito acima de tudo que é imundo.
Vagarosamente vão se diluindo vazios,
os sons são murmúrios, gemidos no silêncio,
de corpos lívidos deitados no chão frio,
de vidas de um tempo lento e suspenso.
Cada noite é uma mistura de sonhos e medos,
de um inverno dolorido e sem desejos,
eternamente fundo e de um fedor imundo,
onde carcaças infestam esta cloaca do mundo.
Vagarosamente, o silêncio me arremata,
e eu caminho como se caminhar fosse um remédio,
sobre sangue escuro que lentamente se coagula,
a me coagular neste encarceramento perpétuo.
Alexandre Montalvan
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visitante |
Publicado: 07/03/2021 09:34 Atualizado: 07/03/2021 09:34 |
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 Re: Coagular Perpétuo
Foi muito bem escrito, parece quê foi tirado de algum livro.
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