Poemas : 

já falta pouco para se ser só esperança

 
neste morre não morre de pernas pandegas corre a dança em renãos latentes.
os passos longos da insónia abraçam o vigor das profusas chicotadas que dizem que somos o povo.
ah!
se já se viu a chuva encabritada na terra alagada, percebe-se que há anseio por um café preto engolido debaixo dos céus de março...
o querido março marçagão.
e vem pior, muito pior que a repetição da história mais malfazeja de que há memória.
o corpinho, esse coitado, vai ficar dormente por pensar que já teve amor vivo e, agora, tem pouco menos que vontade.
eis que, de vez em quando, aparece um tipo com uma criança nos olhos, como se fosse um messias e toda a gente chora ao ver o uso profuso de purpura. sangra.
mas a malta é serena e lembra-se que isto é sempre com os outros.
não é.
a côdea é dura quando nos apercebemos que é só o que resta.
um dia, ao olhar-se para os dedos, cai-se em verdadeira prostração em programa de tv paga e sem alma. entra o bloco de publicidade, que apela ao facilitismo. os dedos lá vão caindo, um por um. o catraio quer mamar mas está tudo seco.
já falta pouco para a única palavra do dicionário ser "saudade".
e o que fazer?
um franchising. vende-se como a marca mais popular do povo. e pronto!
fica o passado e deixa-se o futuro em fila de espera atrás dos olhos.

Valdevinoxis


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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