Esperava longamente
Os dias de um sonho que não lembrei
Como promessa errática
Saída do teu coração tão breve e incauto
Onde só o vento se sustém
O sabor a renúncia
Transbordava do meu ventre
Que não regaste
E num sopro apenas
O rompeste
Na multidão eu voltava à realidade
De uma cidade esquecida dos sumos do tempo
Tão adoecida pela exaustão
Desmemorizada dos dias de sonho
Em que se pairava na promessa de vida
E em fuga procurava um ar mais puro
O diamante por entre as visões poeirentas
E o saber negligenciado
Atirado para o chão como roupa suja
E ali, desterrados
Ouvimos até sem querer
Palavras que nos cortam a emoção
Medo louco daqueles redemoinhos de ruído
Que denunciam sombrios caminhos