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esta dor que me vem
de almas me fitando ao longe
esta dor
de um fruto vistoso e saudável por fora
mas oco e podre por dentro
carrega uma semente
esta dor
pulsa
em frêmitos gemidos
jamais será poesia
mas sim apenas garranchos
indecifráveis de ulos
que se perdem no tempo
esta dor
um rio sem margens
sem águas contínuas
de repente
arrebenta as comportas
flui por espaços intermináveis
carrega a semente
ao terreno fértil
dá lugar aos versos
apaga as sombras dos espíritos
esta dor que me vem
fere
o depósito de cicatrizes mentais
intercede a um novo ânimo
a um novo ingresso para a vida
...
esta dor tal pêndulo
brinca com o inconformismo
tece espaços abissais
...
esta dor que me vem
desvenda ao terceiro olho
ranhuras profundas a atravessar
pra me fazer chegar ao riso improvável
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Rehgge Camargo_________________________________
"o poeta absorve, filtra e exala."