https://www.poetris.com/
Poemas : 

há surpresas assim

 
não sei viver para sobreviver
uso prancheta própria que atraiçoa afinal
o que de múltiplas visões e confuso há nos sentidos
e neste queixume, nesta muda declaração
ando a ouvir as brancas campaínhas hipnóticas

ía jurar que vi arquipélagos descobertos
onde há mares de topázio e luas de zimbro
na apolínea insane de uma pestana solta
navega, entre duas meias casca de nozes

é possível que esteja a deslizar para uma esquize permanente
ao atravessar um carreiro de novelinhos de lã
que se vê no horizonte
parecem dirigirem.se para o cume de uma montanha esfumada
quase inexistente
onde quero que habite algum faroleiro filósofo e solitário

depois, alísio vem tocar harpa
sim, uma harpa
nas capelas marinas afloradas pelos seus dedos marfim
ao mesmo tempo que me despenteia

ou fui eu que ouvi mal!?

devo ter entreouvido
meus tímpanos a estalar
a centelha do eterno" momento canônico"
enquanto o bistre secava

lavo cada fio do cabelo

e o resto?

é surpresa

HC


" An ye harm none, do what ye will "

 
Autor
HorrorisCausa
 
Texto
Data
Leituras
189
Favoritos
5
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
53 pontos
3
5
5
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Aline Lima
Publicado: 18/09/2023 19:14  Atualizado: 18/09/2023 19:14
Membro de honra
Usuário desde: 02/04/2012
Localidade: Brasília- Brasil
Mensagens: 396
 Re: há surpresas assim para HC
HC, minha amiga querida! Quero te dizer que seu poema me deixou impressionada. A forma como você explora a complexidade da vida e a busca por significado é cativante. Suas imagens e metáforas criam uma atmosfera única, e a cada vez que leio, descubro algo novo para refletir. Vir aqui e encontrar algo seu para ler, sempre enche o meu coração de alegria. Beijos.


Enviado por Tópico
Jorge Santos
Publicado: 19/09/2023 16:33  Atualizado: 19/09/2023 17:14
Administrador
Usuário desde: 18/08/2021
Localidade: Azeitão, Setúbal, Portugal
Mensagens: 1952
 Re: Haverá surpresas, mesmo sem mim





O gozo será o ultimo reduto, refugiaremos as nossas lembranças prolongadas num "status quo" cujo único desígnio ou propósito, o sopro final será a libertação, a graça divina, um magistral "magnificat" chamemos-lhe o que chamarmos ao eterno, ao "finalli", ao alvo, ao fulcro das nossas existências que é ser apenas e simplesmente homens e mulheres plenos de emoções. Querermos ser aceites cega-nos, encerra-nos em embrulhos selados, fechados e herméticos, sem paladar, ínfimos espaços, casas plenas de dúvidas, mono-nucleicos monoparentais refúgios de mundos múltiplos, escravizam-nos pouco a pouco os nossos melodramas básicos como se fosse um pó fino que se nos aglutina e impede de flutuar entre outras possibilidades. Eu sou, tento ser o espectador vivo, sincero de tudo quanto escrevo e ou é sentido por mim





Open in new window