Poemas : 

Boca

 
Tags:  ancestralidade    animalidade  
 
Boca primitiva
Onde, nu, escopofílico,
Venho sempre me sujar,
Onde de nada me privo
E me torno filho,
Rebento nascido
Em meio a sêmen e saliva.

És-me embrião e intestino
Para meus desejos escondidos,
Sádico amor, anterior
Ao masculino e ao feminino,
Alvo, presa de músculos e caninos.

Alimento
A esfaimado canibal,
Boca contra a qual
Os homens lançam
Recalques e desdém,
Mas onde não preciso
Ser nada, ninguém,
Só o cio do animal.

 
Autor
Felipe Mendonça
 
Texto
Data
Leituras
237
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
11 pontos
7
2
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 13/10/2023 16:23  Atualizado: 13/10/2023 16:23
Usuário desde: 12/12/2011
Localidade: Lagos
Mensagens: 1176
 Re: Boca
Faminta está a boca, e sem papas na língua.


Enviado por Tópico
ZeSilveiraDoBrasil
Publicado: 13/10/2023 17:37  Atualizado: 13/10/2023 17:37
Administrador
Usuário desde: 22/11/2018
Localidade: RIO - Brasil
Mensagens: 1916
 Re: Boca
.
.
.
...seus textos sempre trazem esse pulsar, é-lhe bastante peculiar na sua escrita , soube disso mais profundamente quando tive acesso ao seu último livro. Obrigado
Aquele abraço caRIOca!



Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 17/10/2023 13:44  Atualizado: 17/10/2023 13:44
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 889
 Re: Boca
Olá poeta, poema forte mas gosto muito.
Abraço