Olhar Cego nº 24

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…Martírio…( palavra estranha, e se eu olhar para ela não sei se vou chorar ou sorrir, os dois me parece estranho)

…não é pesada…( o poema foi pensado do início ao fim, produzindo uma sequência)

…obriga-me a mim, coitada..( e vai carregando por vontade)

…elaborado para mim, que o carregue até ao fim…( e aceita sem questionar, penso que muito é veneno, mas um pouco de rebeldia é ter esperança de mudança, e vamos lá)

…a muitos a entrega…( isso está mau dividido, o presente fica melhor com mãos de amor, continua…)

…ao diabo,
a cruz não pesa…( a vida é injusta, seria a pessoa errada na cruz, o mal deveria ser repreendido )

Um poema complicado, mas olhar sem saber quem o escreveu me leva ao direito de escrever o que sinto, é minha interpretação e agora o poema é meu.

Há mártires e mártires.
A caminhada feita ao longo da vida, verga-nos e faz-nos perceber o peso da nossa cruz, não no sentido etéreo do madeiro, mas sim nas marcas físicas que nos vai deixando. O peso da idade, da responsabilidade e da procura.

Se de um lado a cruz simboliza (para alguns) o bem, do outro está o mal. O Diabo, o caminho obscuro, transporta-nos de certa forma para o prazer com alguma dose de libertinagem, não de liberdade, porque essa é a nossa capacidade de escolha. O nosso lado perverso de... criança.

Que querem que vos diga? Interpretações!

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A mitologia cristã é fascinante, independentemente da existência ou não de fé.
Neste poema, o "eu" assume a posição de um Cristo herético, entre Deus e o Diabo, que percorre uma Via-Sacra de tensões interiores: o peso e a leveza da vida, o pecado e a inocência, a mancha e a luz.
A propósito ou não, deixo aqui uma música de uma banda chamada precisamente Diabo na Cruz, de que gosto bastante: