No vazio do autocarro, um espaço sem fim,  
Metáfora serena dos momentos em mim.  
Silêncio que ecoa, um lamento profundo,  
Reflexo de almas, perdidas no mundo.
A viagem avança, mas há pouca luz,  
Destino desconhecido, sem rumo, sem cruz.  
Os bancos vazios, companheiros de dor,  
Relembram fragmentos de um amor que se foi.
O motorista à frente, firme no  seu lugar,  
Sabe o caminho, mas não vai explicar.  
Quem somos, realmente? Pergunta na bruma,  
Entre paradas e rimas, a vida se arruma.
Incerteza nos trilhos, curvas a desviar,  
O coração aperta, mas insiste em sonhar.  
Vozes do passado dançam na estrada,  
Enquanto o autocarro continua no  seu caminho 
E no vazio, uma esperança sutil,  
Que em cada rota, encontre um novo perfil.  
Pois mesmo sozinhos, seguimos a andar,  
Buscando respostas, sempre a nos reencontrar.
Carlos E. Santo