Poemas -> Introspecção : 

Quando me isolo

 
Às vezes me isolo.
Não por raiva, nem por desprezo.
Não é ausência, nem frieza…
É só um jeito torto de me manter inteiro.

Há um canto em mim onde só o meu silêncio cabe.
Um lugar onde as palavras do mundo não entram,
Onde os conselhos são ruídos e os abraços,
Por mais sinceros, não alcançam.

É lá que me sento no chão e converso
Com os pedaços que deixei cair ao longo dos dias.
Recolho o que sobrou de mim,
Varro a poeira das mágoas,
Desfaço os nós que ninguém viu.

Quem me olha de fora pode pensar que é fuga.
Mas não é.
É cuidado.
É sobrevivência.

Há um idioma que só eu entendo.
E é nele que me refaço.

Então, me deixe viver
Desse jeito meio recluso de vez em quando.
Ou, se quiser mesmo estar comigo,
Venha…
Mas venha sem pressa,
Sem cobranças,
Sem querer abrir as portas
Que ainda não estou pronto para destrancar.

Viva comigo…
Mesmo que, às vezes,
Isso signifique me esperar em silêncio.

Porque quando eu voltar,
Voltarei inteiro.
E aí, talvez, te conte o que aprendi comigo mesmo.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Instagram
@poetacacerense
 
Autor
Odairjsilva
 
Texto
Data
Leituras
132
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.