Oásis de Mim
Andei por corredores sem janelas
lugares onde a luz morria antes de chegar
uma sede que não se saciava com água nem palavras mas com um silêncio que me deixasse em paz
os dias fugiam como areia fina
escorregando entre os dedos da minha vontade
até que o deserto não era o mundo lá fora
mas a aridez no peito que já não sabia esperar.
Fiquei ali, imóvel
Não por escolha, mas por cansaço
Sentado sobre os escombros da própria pele
ouvindo a dor se desfazer como seda ao vento
sem pressa, sem luta.
No espaço onde o peito finalmente descansou
descobri um oásis sem nome
feito de calma, ausência de cobrança
um lugar onde o tempo desacelera
e eu posso simplesmente ser.
Não havia palmeiras nem fontes cristalinas
só um silêncio que me abraçava
um canto invisível no meio do caos
onde o corpo esquece o peso de carregar o mundo
Ali, comecei a regar-me com a paciência que nunca tive
a deixar que as feridas respirassem
a aprender que não é preciso correr para estar inteiro
que o refúgio às vezes é só respirar fundo
e voltar para dentro de si, devagar.
O oásis não é um ponto no mapa
não se encontra no fim da jornada
é o lugar onde a espera vira presença
e a ausência vira convite para estar comigo mesmo
com tudo que sou,
sem máscaras, sem pressa, sem medo
Hoje, continuo perdido e inteiro ao mesmo tempo
aprendi a sentar comigo e ouvir o que não grita
a regar o que ninguém vê
porque o oásis sou eu
quando paro de fugir de mim!
Alpha