na franja
do tempo
[virgem]
vagueia a esperança
embriagada de juventude
diante dos corpos
maduros
caídos
murchos
sem folhagens
novas
creio que a tarde
das coisas belas
não demora
resta o pôr da estrela
o horizonte na beira
e a verdade
de amar
ainda recordo
a nossa chegada
trazíamos a timidez
movediça
no olhar
e todas as sementes
prontas a galgar
vontades
em par
esquecemo-nos
que éramos feitos
de ondas
de marés
pedaços soltos
de um mar
que todos choramos
fomos vencidos
num empate
sem sabermos
ao certo
do resultado
do embate
dos corpos
com fome
do perfume dourado
passando pelo azul salgado
da transparência doce da espuma
ficámos presos
nos areais do entusiasmo
e das incertezas
perdendo a beleza
e todos os instantes
depois