Penso em muitas coisas.
No peso dos planetas,
No som que as pedras fariam se soubessem gritar,
Nas árvores que morrem em silêncio.
Penso em mim como quem pisa em espelhos,
Sabendo que há cacos,
Mas querendo ver o reflexo inteiro.
Penso se há algo especial em nós.
Se este nó na garganta é sagrado
Ou só mais uma dobra do acaso.
Se sentir demais é dom
Ou apenas falha de fabricação.
Penso na existência como quem tateia no escuro:
As mãos tocam o invisível,
Mas o que pegam escapa como vapor.
Somos poeira pensando que é constelação?
Ou pensamento é o que nos torna estrela?
Há algo em nós, talvez.
Talvez o que nos faz únicos
Seja exatamente o fato de perguntar
Se somos únicos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense