
aquela planta,
todas as manhãs,
acordava com os cabelos raiados,
graças ao seu amado,
e seguia-o até o azul
se tornar salpicos
sobre os telhados.
o pobre girassol
dizia que era um sortudo
por amar algo
maior que o mundo.
as outras flores
alertavam para a futura amargura
daquele delírio platónico,
onde uma flor
amava um astro.
aquele girassol,
apesar de nunca ter beijado o sol ou abraçado,
graças àquele amor incondicional,
tornou-se o girassol mais gracioso e bonito
de todo o prado.
o amor,
mesmo distante,
cria raízes invisíveis,
e o sustento das mesmas.
foi o que aconteceu:
a sua estrela deu-lhe
o que mais precisava
para ser saudável.
os dois
conseguiram salvar o sonho,
mesmo quando a tristeza da noite
chegava
com as malas
para uma estadia
de mil horas
marcadas.
“Acredito que o céu pode ser realidade, mas levarei flores para o pai - Erotides ”