Quando teus olhos encontrarem os meus,
Que a carne se agite como rio em tempestade.
Que os ossos tremam, lembrando-se
Do frio que antecede a criação.
Que teu rosto se torne meu altar,
E que o vento carregue meu nome
Até o último recanto da tua memória.
Que o teu corpo seja abismo,
E que eu caia nele sem corda,
Sem mapa, sem volta.
Que a tua boca seja chave e veneno,
Abrindo a porta por onde escoa minha alma.
E que, no silêncio entre um toque e outro,
Nasça a fome,
A mesma fome que pertenceu a monstros e deuses,
A mesma que queimou reinos e oceanos,
Apenas para provar que podia.
Assim seja.
Assim foi.
Assim será.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Observação:
Proibido de ser pronunciado em noites de lua nova,
Pois acende em quem o recita
Um desejo que não pode ser extinto.