Poemas : 

Guerra (E)Universal

 
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hoje serei o rio bravo
montanha abaixo
a dilacerar penedos
a engrumá-los
à bolina
até à foz

amanhã serei a fornalha
vulcão incandescente
a cuspir das entranhas
o visco destruidor
que cria maciços

depois serei o furacão
o vento feroz
que varre a terra
que leva a imundície
os pós, as cinzas, os estercos
o entulho todo

por fim serei descanso
numa poltrona, a baloiçar
à espera dos sonhos
que ainda guardo
enquanto
o vento suave
a chuva fresca
e os raios do sol
trazem de novo a vida


 
Autor
AlexandreCosta
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 25/08/2025 16:50  Atualizado: 25/08/2025 20:25
Colaborador
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2238
 Re: Guerra (E)Universal
2. Dedal


Se se vão os anéis, ficam os dedos,
são vinte, quase todos amputados
e seguimos de mãos e pés atados,
destapados, coxos, não há segredos.

Acostumados a drones, torpedos,
a coronéis, tantos outros soldados,
vamos, a zero, tod'alienados,
contados pelos dedos e azedos.

Tudo marcha depressa e não passa,
em cada praça o tempo não cessa,
sem verbo, sem horas, sem minutos.

Vão-se os anéis, fica esta desgraça,
dedos esfolados onde começa
o que não se conta, eternos lutos.


In Dez Sonetos da Guerra na Crimeia por partes