É como respirar vidro.
Como engolir água escura
E sentir os pulmões queimando,
Implorando por ar
Enquanto o seu nome pesa no meu peito
Feito pedra.
Meu corpo treme.
A pele arde como se você estivesse por dentro,
Rasgando cada nervo,
Cada pedaço que eu tentei proteger de você.
Minhas mãos suam,
Minha boca seca,
Minha cabeça gira
Como se o chão tivesse desaparecido.
E ainda assim…
Eu te procuro.
No meio do caos, no meio da falta de ar,
Eu te procuro.
Você é a febre que não passa,
A vertigem que me derruba,
O veneno que eu bebo sabendo o fim.
Já tentei correr,
Já tentei me esconder em outros corpos,
Outros abraços,
Outros cheiros.
Inútil.
Tudo em mim grita o seu nome.
Amar você não é um ato de escolha.
É um colapso inevitável.
É a falha final do meu instinto de sobrevivência.
E mesmo com o coração estilhaçado,
Mesmo sabendo que estou afundando,
Eu abro os braços para te receber.
Porque no fim,
A dor de te querer
É menos insuportável
Do que a ideia de te perder.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense