Tenho medo de cumprir o meu destino
não sei viver como tantos, cegamente
tenho medo há tanto, desde de menino
que me sinto triste, pobre e indiferente!
Sempre vi repulsa em toda a gente
mãos fechadas, olhos densos, frios
nunca fui amado, infelizmente
como pedras caidas na margem dos rios.
Fiz da minha casa quatro paredes fechadas
quatro novelos enleados, por meu mal,
quatro flechas de madeira envenenadas
que me não deixam morrer de morte natural.
E fiz da vida um canto mais profundo
dei um grito que atravessou o infinito
p'ra lá de tudo, fui até ao outro mundo
onde vivo sereno como um bloco de granito.
Ricardo Maria Louro