Poemas : 

Biblioteca de tecidos

 





Quero morrer como quem fecha
um círculo e retorna ao primeiro grito.

Mas não irei nua.
Irei vestida com todas as roupas da vida:
o vestido das perdas,
a túnica das paixões,
o casaco dos silêncios,
o manto alinhavado de perguntas
e outro rasgado sem respostas.

Um corpo tecido de memórias,
um manequim de instantes,
uma vitrine de tempo
com suas máscaras

A morte não levará uma carne cansada
mas uma biblioteca de tecidos
cada dobra
uma lembrança
cada costura
uma contradição.


 
Autor
GinaCortes
 
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Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 12/09/2025 18:04  Atualizado: 12/09/2025 18:04
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 Biblioteca de tecidos p/ GinaCortes
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Que imagem tão bem construída, a da terceira estrofe: o tempo como uma montra, exibindo silhuetas transitórias sem vida, que se vestem de memórias que lhes dão existência e sem as quais não seriam mais do que meras máscaras.