Poemas : 

O pacto

 
O firmamento pede os olhos
que se cede na sede
de se ganhar o infinito.

Coisas preciosas chegam
sem preço...
Ou semipreciosas,
porque o valioso nunca
escapa da balança.

Um espelho embaça-se
em algo que passeia no tempo
e circula no imo humano:
desejos, pedidos e promessas
em palavras de cristal.

Do livro milenar
recortei um pacto:

Ana dobra os joelhos.
Na dobra não deita apenas o corpo.
Dobra a própria vida
em voto

Um filho está no pedido.
O impossível não tem contornos.
Sem tê-lo, já o entrega
naquele altar erguido com lágrimas.

No ventre infértil
injetou a semente imaginária.
Naquele deserto que nem egoísmo havia,
para fazer crescer o que não possuiria

O céu, que pesa a sinceridade,
fertilizou o sonho.
Porque há bençãos que só descem
quando mãos também estão abertas
para soltá-las.


 
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GinaCortes
 
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Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 16/08/2025 00:28  Atualizado: 16/08/2025 00:28
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 O pacto p/ GinaCortes
.
É como se tivéssemos dois poemas: um, sobre os pequenos e grandes milagres da vida; outro, sobre a personagem bíblica Ana, que era infértil e a quem, apesar disso, Deus permitiu que desse à luz Samuel, líder e profeta dos israelitas.

Quer um, quer o outro são momentos de grande beleza, com versos extraordinários, como aqueles com que encerra o texto:

"há bençãos que só descem
quando mãos também estão abertas
para soltá-las."