Enterro-me em mim mesma,
na escuridão onde nem o grito ecoa.
O ar pesa, cada respiração é um punhal
e o chão sob meus pés insiste em ceder.
Sinto minhas mãos escorregando
pelas paredes invisíveis do nada.
Não há consolo, não há luz,
só o frio cortante do vazio me abraçando.
Meu coração bate como se fosse outro,
estranho, distante, desligado de mim.
Cada lembrança é um punho fechado,
cada pensamento, uma corrente que me prende.
E eu choro silenciosa,
não por tristeza, mas por existir
em um lugar onde tudo dói
e nada me reconhece.
Ainda assim, neste buraco escuro,
uma centelha insiste em piscar…
Não por coragem, nem por fé,
mas por puro absurdo de vida:
uma faísca que talvez, um dia,
me arraste de volta à superfície.
Grey