CANTIGA DE AMOR

Sim, modernista português. Acabei de apanhar, aqui em casa, uma antologia do Régio, publicada no Brasil pela Nova Fronteira. Sou um devorador de livros portugueses. Meu gosto pela poesia nasceu das leituras de Torga, quando menino ainda. Aliás, aqui mesmo no Luso, publiquei uma homenagem a este notável Miguel Torga. Também gosto muito de Sophia Andresen e Casimiro de Brito. Há alguns anos, fiz uma leitura de poemas com Teresa Rita Lopes, quando ela esteve no Brasil. Ficamos amigos. Agrada-me imenso a menção da minha poesia com Régio. Não chego aos chinelos dele. Muito obrigado. Passeio sempre pelo seu espaço.E acho os seus versos fortes. Construídos por quem conhece poesia. Quero dizer que não se trata de uma poesia escrita simplesmente por "inspiração", coisa que não acredito muito. Mas uma poesia trabalhada, feita na base do suor, da transpiração. Acho que foi Mallarmé quem escreveu que um poema não se faz com sentimentos, mas com palavras. Em parte, concordo. Uma pitada de sentimento - sem emoção não há poesia - e mais a dolorosa guerra com as palavras. "Lutar com as palavras é a luta mais vã", escreveu o nosso Carlos Drummond de Andrade. Mais uma vez, grato pelo gentil comentário. Aceite o afeto deste brasileiro,

Júlio

Querida irmã poeta,

Os poemas de amor não são o meu forte. Eu diria que mais os de dor. Acho que sou, na verdade, o poeta da amargura. Como você pode ver, os versos de amor, quando os escrevo, nunca têm um final feliz. O comentário, quando vindo do mestre, no caso da mestra, tem valor dobrado. Todo o afeto do Júlio