O amor não me abandonou
Ainda me vem a sede de amar
Foi a vida que me amargurou
O coração, que saiu do lugar
E me fez assim como sou:
Um viajante num deserto
Entregue a desvarios
Com o horizonte encoberto
Onde não há caminhos nem desvios
Onde o rumo é tão incerto.
Um apaixonado em contramão
Que se vê agora perdido
Em busca duma paixão
Que corre noutro sentido
A par da vida e da razão.
Vou ainda a par de nada
E me tarda o que procuro
Pois a vida não é uma estrada
Nem a sede que descuro
Vem de esperança saciada.
Porque o erro em que estou
E me deixa assim triste
Vem do amor que não dou
Pois é em dar que ele existe
E é para lá que agora vou.
O-tavico