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Incompreensões

 
Há uma violência silenciosa em estar perdido:
Não é o grito, mas o eco.
O mundo continua,
E você permanece ali,
Um vulto colado à própria sombra,
Tentando decifrar mapas que nunca foram desenhados
Para o seu tipo de alma.

Os dias se enchem de incompreensões
Como quartos mal arejados.
Entramos neles, respiramos o que não entendemos,
E saímos com um peso que não sabemos nomear.
A vida segue,
Mas algo em nós fica para trás,
Um pedaço que tenta ainda traduzir o indizível.

Perder-se é descobrir que o tempo
Não é linear,
Mas um labirinto em chamas.
Cada passo é uma ferida,
Cada escolha um corte,
E, mesmo assim, caminhamos,
Como quem espera que no centro do fogo
Haja finalmente um sentido.

As incompreensões doem
Porque nos tornam estrangeiros de nós mesmos.
É brutal perceber que ninguém enxerga
O que carregamos na pele por dentro.
Ainda assim, seguimos,
Como rios que não escolhem suas margens.

Há dias em que a alma tropeça.
E a violência não está na queda,
Mas no chão que se afasta toda vez
Que pensamos tê-lo alcançado.
Nesses dias, tudo é enigma,
E nós — frágeis decifradores,
Tentamos sobreviver às próprias perguntas.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

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@poetacacerense
 
Autor
Odairjsilva
 
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