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Ser escravo do amor

 
Às vezes me pergunto
Por que ajoelhar o coração
Diante de um sentimento
Que exige correntes,
Se a solidão me oferece
O vasto campo onde posso respirar?

O amor, quando não é encontro,
Vira cela dourada:
Promessas que vigiam,
Silêncios que cobram,
Esperas que nunca dormem.
Nele, o eu se dissolve
Até virar eco do outro.

A solidão, ao contrário,
Não me pede juras.
Ela senta ao meu lado
E me deixa inteiro.
É um espaço vazio
Que não machuca,
Apenas me escuta.

Ser escravo do amor
É viver à mercê de gestos alheios,
É medir o próprio valor
Pelo olhar que não vem.
Ser livre na solidão
É aprender que o peito
Também pode ser casa.

Talvez o amor verdadeiro
Não queira servos,
Mas companheiros.
E enquanto ele não chega,
A solidão não é castigo:
É território.
É o lugar onde o coração
Retira as algemas
E reaprende a andar sozinho.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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@poetacacerense
 
Autor
Odairjsilva
 
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