O ser infinito,
Causa primeira do universo,
Não empurra o mundo:
Ele o sonha na imaginação.
E no sonho,
As estrelas são sílabas antigas
Escapando da boca do silêncio.
Antes do tempo aprender a andar,
Já havia um sopro, não de vento,
Mas de intenção.
Ali nasceu tudo
Sem precisar nascer.
A vida, então,
É um sonho lírico
Que se esqueceu de acordar.
Somos versos provisórios
Escritos na margem do eterno.
Cada dor é metáfora,
Cada amor, um eco
Daquilo que não tem nome
Mas insiste em ser sentido.
O infinito não governa:
Ele permite.
E permitir é a forma mais pura
De criar sem prender.
Viver é recitar o universo
Com a voz trêmula da carne,
Sabendo que o poema não termina,
Apenas muda de leitor.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense