Poemas -> Sombrios : 

INUTILIA PETRA

 
A ilusão, muitas vezes, fecha a alma de uma pessoa

e quebra o seu corpo desiludido.

Mata! E digere rapidamente!

E depois, dá-se por morta.

- Eutanásia! -

A vida vicia o poeta,

e o seu silêncio é somente a morte:

Não é como o silêncio dos loucos, das crianças ou num funeral.

À noite, a vida revela-se a uma perfídia e retém-se por ser menor.

Restando, apenas, os homens, lá fora,

Inúteis, vazios, pretensiosos, pequenos,

Presos a vida e suas necessidades,

Egoístas com pressa nas ruas,

E enormes desertos d'almas.

Eis o que meu corpo, nada, decifrou:

Sempre depois de olhar a razão das coisas

Pensa-se em que os outros pensarão.

...

Perto da vida, habita o ácaro

Provocando feridas em um corpo fechado,

Espalhando chagas por ele todo,

Entre flores escuras e vestidos de luto,

No chão nutrido pelo que restou da vida,

Um verme - sonhos brancos como a sonolência.

...

Ai, pensamentos! Para que se revelais?

Ai, tempo, não quero nada! Não me dais nada:

Deixais-me em paz!

Quero estar sozinho!

Seres elementares, gravitais o inconsciente

De meus sentidos nas lajes de meu tempo,

Nas areias tristemente.

Sois quem pensa, ordena e aceita!

É vosso muro de sofrimento e dor,

É presságio diante da morte,

É o sangue de Abel!,

Despindo os deuses. Que despertais!

Numa torre alta, preso um cavaleiro,

Transfigurado a fuga:

Uma rosa queimando, trovejando com raios –

Um homem e sua hora virando cinzas.

Ai, pensamentos, orvalhais lágrimas

Incessantemente pela ignorância de viver,

Amaldiçoais os vícios,

O poeta, que, tristemente rebanha os ócios

Ocuposos. Frias sombras, ocultais

Mancha de sangue sobre minha alma,

Na sombra amarga de vosso nome –

No trono, a cabeça de vosso poeta.

Ai, tempo, estais projetado!

Ai, pensamentos, para onde vais?

Que me deixais, ambos, perdido.

Quem de vós convocais esta face?

Tentais a Satanael, vosso príncipe caído

A serpente e o Dragão?

Vês! Esta lama podre que me amaldiçoa:

Meus olhos tão vazios, as mãos lânguidas,

Paradas, um coração que não sente

Se ama, se vive, se canta: taciturno!

Marcando dias, marcando noites!

Arrancarei de vossa facha, uma mascara de fero,

Um coração de espinhos, uma alma dilacerando-se.

Ai, pensamentos, vós estais dentro de minh’ alma,

Em ermos templos contemplais a viuvez

E a decrepitação da vida ao vosso poeta d’ alma.

- Pensamentos? O que sois?

Buscando os vermes da furna de um morto d’ alma,

Sintais a inutilidade do nascimento.

...

Sois vós, tempo e pensamentos, que conjugais a realidade

Confundida no meu pensar, sonhar e passar.

Nas mentes, digeridas as palavras:

É proibido negar o pensamento!

O poeta foi aspirado ao firmamento:

Igner rompere Iucidium.

E o Grifo captura a Chispa Divina do poeta:

Onde Trolls libertam os pesadelos,

Unicórnios investem contra os Delfos.

Ouçais os pensamentos de Nero?!

Na lança de fogo que queima as palavras

No corpo sibarita e soi-disant,

Sangra-se o corpo de Heracles.

E minh’ alma se quebra como um corpo vazio.

E uma Maga me dá uma maçã, intero-me

Ameno ao volupticus horminis pravis.

E cavalgo por desertos inconscientes.

E vivo 1001 dias em Enoch.

E Tiamat me amaldiçoa para Gaia e Érebo.

Vossos templos soerguem Impérios Espartanos:

- O Tempo e Os Pensamentos –

Morfocidas que ma traem às costas.

E cravado na pedra – onde adormece Excalibur – sumo escrito:

O poeta que assassinou a poesia

E suicidou-se.

Terminado em 25/20 – 16:19 p.m.



Davys Sousa
(Caine)

 
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caine
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