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Quando o Amor se torna Veneno

 
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Quando o Amor se torna Veneno
 
I

O bem, o mal, a vida, a morte, amor, veneno...

Acordei, lavei a cara e olhei-me ao espelho
O tempo parou, mas eu por fora estou mais velho
E por dentro respiro fundo, deixo-me ir ao fundo
Conto pelos dedos as noites que já não durmo.

Diz-me porquê tens tanta raiva por dentro
Converterei o teu ódio no mais profundo sentimento
Levarei os teus olhos a visitarem o meu interior
Dar-te-ei tudo o que tenho, em troca do teu amor

O calor e o reconforto do teu corpo
Que aquece o meu, que com os anos vai parecendo morto.
E a inocência desvaneceu-se no bater dos ponteiros
do relógio
Pergunto-me a mim próprio...

Guerra santa, fome tanta, religião profana
Não vês que o rumo da vida muda constantemente
Depende da opção tomada?
Sê Homem e sofre as consequências dos teus actos
Ser-te-ão pagos na mesma moeda.

Tudo aquilo que nos desejas terás o triplo!
Seja amor ou seja inveja.
Afogam-se mágoas em canecas de cerveja
Situação ridícula,
A vida é uma película
E nós os actores principais
E quando alguém morre não há duplo,
São mortes reais!

Nunca mais voltará a ser como era
A não ser os corações que continuarão a ser de
pedra,
A não ser as pessoas que continuarão a ser
hipócritas.
E quando nada tiveres todos te voltarão as costas.
Mas na solidão encontrarás a consciência
Procura dentro de ti
Porque cada um vai por si.

Quando o amor se torna veneno e a vida muda
Mas as impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias.

II

Será que estás satisfeito com a vida que vives?
Olha para dentro um momento e quebra limites
Pessoas felizes voam como pássaros livres
Momentos alegres fazem esquecer cicatrizes
Das punhaladas nas costas
Daqueles de quem mais gostas.

Da língua perversa que faz de ti assunto de
conversa,
Cuidado com a inveja
E os efeitos nefastos sobre quem a venera e manifesta.

Apresenta perdão ao teu irmão,
De pomba branca na mão
Esquece o ego, cego, que enlouquece
E quando um rude golpe na alma a fizer rebentar
Quando já não tiveres mais lágrimas para chorar
O Amor cura, nunca caduca, o ódio fere!

Existe a justiça solene,
Que resiste numa folha perene
Que não desiste,
Que persiste,
Enquanto não alcances não descanses
Pois nada será como dantes.

Depois de buscas incessantes levaremos avante
O nosso barco a bom porto
Com o nosso suor, com o nosso sangue,
O nosso povo sairá triunfante
Não existe diferença entre carvão e diamante.

Tudo aparece no tempo certo,
Deus nunca esquece o seu projecto.
Sempre dará alimento,
O universo conspira se for bom o investimento.

Se o fim for altruísta a meta estará à vista,
Quem não arrisca, não petisca.
Agora o egoísta que desista,
Nem insista à nossa vista.

Se o fim se justificar o meio vai-se proporcionar
Pode demorar,
Pode desvanecer,
Mas nunca vai morrer!

Nunca digas nunca,
Pois quando sem dificuldade sem vence sem prazer se triunfa.
Percebes?! É simples: faz as tuas preces,
Pedes e verás que recebes.
Mas com calma, porque uma vez não são vezes
Não dês com a língua nos dentes antes de fazeres o
que queres.
Gastas energia com palavras e é só nos actos que
perdes.

As impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias

III

Amor, veneno, um sentimento extremo
O maior pesadelo é acordar todos os dias como se
fosse o mesmo.
O medo faz-nos perder o horizonte dos nossos sonhos.
Imbuído na dor tens de encontrar
Algo que verdadeiramente possas amar.

Talvez um ritmo, talvez uma flor, talvez um filho
Talvez um sítio, uma sinfonia de violinos ou
simplesmente o brilho da lua no rio.
Envenenado, sai purificado da montanha
A brilhar como o azevinho,
Como o orvalho da madrugada.

Sentimentos puros que se soltam,
Como as últimas folhas de Outono levadas pelo vento.
Mas elas voltam para te fazer brilhar na aurora da
história,
Porque como cristais, os cisnes ainda permanecem
imaculados nos lábios da memória.

Então aprendi, vivi o dia como se fosse o último
Senti a chuva como se fosse a última
Beijei a mulher como se fosse a única
O sofrimento numa guitarra, em dedilhado, o nosso fado
Faz chorar as pedras da calçada.

A caminho de casa, um sentimento triste invade as
nossas almas,
Pela falsidade envenenadas.
Mas a verdade esconde-se por detrás das máscaras
A verdade esconde-se por trás das músicas
A verdade esconde-se por trás das túnicas
Que cobrem a face de belas escravas asiáticas
A beleza de poesias leva-te às falésias místicas
Onde o brilho do atlântico revela as vistas
paradisíacas.
E onde o espírito da luz se move sobre a face das
águas límpidas.

Respiro sons profundos
Envolvidos por bolhas de ar libertadas de seres aquáticos.
Elas sobem à tona e emergem enviadas dos mais
complexos aquários.
E nós não contemplamos,
Todos esperamos...

Pelo dia em que a terra prometida vem
Pelo dia em que a paz vem
Mas isso é algo que vem todos os dias
Quando a lua nasce e quando o sol se põe.

Quando o amor se torna veneno e a vida muda
Mas as impurezas purificam-se com chuva
São mágoas afogadas em águas passadas
Pessoas íntimas tornam-se inimigas
E o vento leva a memória das nossas vidas
Como folhas já castanhas, que o sol ilumina
As nossas almas, só mais uns dias
Dias quentes são noites frias.

IV

Real ou não real
Sentido e fatal,
Ao mesmo tempo
Amor, veneno, veneno, amor, veneno.

É difícil ser lembrado mas é fácil ser esquecido
Amigo, inimigo, escondido o genocídio
O quinto elemento será a salvação das massas
Nas mãos erradas é uma faca com duas lâminas
Celibato mental contacto ou fenómeno psíquico
Mas a verdade é que ninguém sabe explicá-lo
Amor por vezes é comido pelo veneno
Onde um beijo se pode tornar no cunnilingus ou um
demónio.

No Ódio, o homem esconde mil e uma facetas
Umas dentro de outras, como bonecas holandesas
Mau carma, confiança, amor, desconfiança
Sentimentos platónicos divididos como castas
O que separa o amor do medo?
Violência debaixo do mesmo tecto sobre a barreira do silêncio?

Dedico estes versículos a todos os de maus intentos sem testículos,
Que transformam lágrimas de mulheres em gritos
Quando o amor se torna veneno a vida muda
E a semente do ódio é regada pela chuva.

O amor parte de nós,
Temos que começar a reflectir naquilo que damos
A reflectir naquilo que tiramos
E o nosso sonho...
O nosso sonho somos nós que o fazemos.

A cada hora que passa
A cada dia que passa
É algo que pode estar presente
Em nós, a cada momento
Guardamos ressentimentos e ódio no nosso coração
Mas até mudarmos por dentro
Toda a gente na tua vida
Toda a gente na nossa vida
Há-de ir e há-de vir como o vento.

A princesa das neves mais brancas
Também cria as nuvens mais cinzentas
E é ela que cria as tempestades mais frias e
gélidas.
Quando o amor se torna veneno
A vida muda..



A Poesia nao é de quem a escreve, mas sim de quem a usa" - Pablo Neruda

 
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Zorlack
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Enviado por Tópico
adelaidemonteiro
Publicado: 08/02/2009 10:12  Atualizado: 08/02/2009 10:12
Colaborador
Usuário desde: 01/01/2009
Localidade: miranda do douro/Sintra
Mensagens: 733
 Re: Quando o Amor se torna Veneno
Extrordinário!
Uma cascata de sentimentos.
Queria assinalar qualquer coisa marcante, mas para isso tinha que o transcrever na íntegra.
Muitos, muitos parabéns.
Fiquei fã da sua escrita.
Adelaide


Enviado por Tópico
ângelaLugo
Publicado: 09/02/2009 03:00  Atualizado: 09/02/2009 03:00
Colaborador
Usuário desde: 04/09/2006
Localidade: São Paulo - Brasil
Mensagens: 14852
 Re: Quando o Amor se torna Veneno p/ Zorlack
Caro amigo

Para muitos pode parecer longo, mas a medida
que se vai lendo se vai entrando nos sentimentos
do texto e se apaixonando por sua escrita.
Acho que tens nas veias o dom poético ...

Sensacional...Parabéns!

Beijinhos no coração