Crónicas : 

NO ALTO SERTÃO

 
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ARTIGO QUE DEU ORÍGEM A EXCELENTE CRÔNICA DA
CONHECIDA ESCRITORA E POETISA IVONE CARVALHO,
COM O TÍTUO “COM SAUDADE VIAJEI NO TEMPO” NO
LUSO EM 09/02/2009, EM SUA PÁGINA.

NO ALTO SERTÃO
(Jairo Nunes Bezerra)

Aqui na Paraíba, em Patos, sinto o verdadeiro sertão!
O dia é quente, quase 38 graus, mas a noite é fria e
a temperatura atinge a 24 graus. Talvez alguém diga:
24 graus?...Só se sabe a verdadeira temperatura nas
mudanças repentinas!

Recordo-me do Ceará, devido à farta alimentação
Idêntica: Leite, paçoca (carne do sol, cebola e farinha
Socadas no pilão), ovos estrelados e os sempre
presentes, cuscuz e tapioca. Às vezes, vem em
destaque: O bode, assado ou cozido!

No grande alpendre da fazenda, permanecem, o dia
todo, várias redes atadas de cores variadas. Gosto
mais da rede branca com suas varandas alvacentas.
O sono é garantido!

A Zefira, criada de estimação, apesar de seus
trinta anos, me trata como criança e , a todo
tempo, me traz um cafezinho quente. Até pediu
que lhe dedicasse um cordel. Brincando, lhe
disse: Traga um cordão!

Aqui é maravilhoso!... Tenho receio de engordar,
pois já atingi aos 73 quilos. Quase me esqueci... Aqui
também tem a branquinha: A cana destilada em alambique
de barro. Vou com cautela, apenas um cálice por dia.
Ela é uma companheira da feijoada, mas deste prato
me distancio, pela riqueza de colesterol.

À aproximação da noite, dedilho o violão, e solto
a minha voz. Pessoas se aproximam, e solicitam ,cada,
música de sua predileção, tais como o luar do sertão
e o anoitecer. No momento, alguns se revelam bons
cantores. E da distância ...Sinto o cheiro da carne seca
assada na brasa, é quando vem o desejo da branquinha!

Às 23 horas, me recolho (como eles dizem aqui) e
estafado, dormito sobre o lençol rendado. E só acordo
ao cantar do galo, geralmente seis da manhã!

Mal acordo, ouço a Zefira cantando. E já, no ar, aspiro
cheiro do café quente. È à hora do pequeno almoço (
café da manhã). Dou preferência à tapioca de coco e
leite e , em seguida, passo para o cuscuz. Mais tarde é a
hora de caminhar. É quando recebo milhares de cumprimentos!
Temos advogados, médicos ,juízes e promotores, mas POETA,
apenas um! E dos piores, modéstia à parte!

O Sol já está esquentando. Os passarinhos pararam de cantar!
È hora de regressar à fazenda. Alguns quilômetros tenho que
percorrer. Calma! É a bem da saúde!

Fazenda serra grande, Patos (PB)


 
Autor
Jairo Nunes Bezerra
 
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