Tão distante a mirar-te, vida,
Vi em minha frente dois horizontes.
Com unhas atrozes e braços impertinentes
Ergui-me em vozes e iniciei a incansável ida.
Meu lânguido brado se enlouquece
E caio com o fardo rôto da distância.
Anseio voz suave e muda em doce instância,
Arquejo, porque minha garganta surda fenece.
E ainda a ser dois, o horizonte persiste
Como a querer enganar meus passos pueris e santos
que envio a averiguar se tal miragem existe.
Corre tênue rio em minhas faces indescritíveis,
Me rasgo em trêmulos adejos de prantos:
Amargo a descoberta de que horizontes não inatingíveis