Luso-Poemas
 
Prosas Poéticas : 

Como me dói!

 

Sinto um cansaço terrível que me tolhe os passos.
Tenho os músculos com espasmos que me contraem os tendões.
Quero caminhar, mas esta inércia de vagalume gelado prende-me, os pés estão frios, a boca dormente, a língua presa.
Quero chamar-te mas tu não olhas para trás, não ouves. É que da minha boca sai uma brisa leve, tão leve, tão gasta e o som das minhas palavras que fica retido no meu peito, não chega a ti.
Quero lançar as palavras numa folha branca para ta mandar pelo vento, mas a tinta não adere, esguicha e mancha-me o vestido, mancha-me o corpo.
Quero compor uma melodia com o som das palavras que não saem, mas a pauta ficou desfeita num vendaval e as teclas do piano estão partidas.
Como me dói esta impotência, como me dói o tempo!
O tempo, sempre o tempo!...
O tempo que não tenho, o tempo que me mata, o tempo que há-de vir, sempre o tempo.
Tenho uma nuvem de poeira branca depositada pelo tempo, em cima dos ombros, no xaile negro. Soprei a poeira para com ela te mandar, em neblina, o aroma do meu corpo. A poeira petrificou e não fez neblina e eu tenho os ombros doridos, cansados.
Onde estás, condor de asas fortes para me levares para longe?
Onde estás tu, águia de bico forte, para me partires os pedragulhos que me imobilizam o corpo?
O condor não veio, a águia também não.
Luz difusa inundou-me o quarto e acordei do pesadelo.
Abri a janela, o veda luz e saudei o sol radioso que prometia um dia quente.
Saudei a vida, saudei o tempo, cantei!

Quisera eu ser poeta
Quisera eu ser pintor
Escrever telas e pintar poemas
Escrever, pintar, pintar,escrever
A humanidade com muita cor

 
Autor
adelaidemonteiro
Autor
Textos deste autorMais textos
Rss do autorRss do autor
EstatísticasEstatísticas
 
Texto
Data
Leituras
1088
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
Enviar este texto a um amigoEnviar
Imprimir este textoImprimir
Salvar este texto como PDFCriar um pdf
8 pontos
8
0
0
Recentes
Rasgos
Nas folhas onde me deito
Outono
São terra
Nada mais interessa
Aleatórios
Dedos Cativos
Rouxinóis cantantes
Eu fui mulher
Com um sorriso
Bebendo a brisa do entardecer
Favoritos
Queimo as Palavras
Copo Vazio
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
MALUBARNI
Publicado: 28/05/2009 20:53  Atualizado: 28/05/2009 20:53
Da casa!
Usuário desde: 09/05/2009
Localidade: Viila Nova de Gaia
Mensagens: 294
 Re: Como me dói!
Lindo Adelaide!Uma paralisia atemporal que causa dor, mas que não impediu de abrir a janela e enxergar a luz do sol.Gostei.Bjs.Malu

Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 28/05/2009 20:55  Atualizado: 28/05/2009 20:55
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: Como me dói!
Adelaide adorei a tua prosa. Fiquei fascinada
com o que escreves. Se escrever com alma é lamecha, ENTÃO VIVAM TODOS OS LAMECHAS, que tanto me sensibilizam.
Parabéns e vai para os favoritos!
Vóny Ferreira

Enviado por Tópico
(re)velata
Publicado: 28/05/2009 21:00  Atualizado: 28/05/2009 21:00
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2009
Localidade: Lagos
Mensagens: 2214
 Re: Como me dói!
Excelente texto, Adelaide! Imagens ricas, vivas e originais.

Cantaste bem!


Um beijo


Enviado por Tópico
mariamateus
Publicado: 28/05/2009 22:43  Atualizado: 28/05/2009 22:43
Da casa!
Usuário desde: 16/04/2009
Localidade: Vila Nova de Gaia..Porto
Mensagens: 452
 Re: Como me dói!
Luz difusa inundou-me o quarto e acordei do pesadelo.
Abri a janela, o veda luz e saudei o sol radioso que prometia um dia quente.
Saudei a vida, saudei o tempo, cantei!

Os meus sinceros parabéns, amiga da escrita!

ABRACOOO


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 28/05/2009 22:53  Atualizado: 28/05/2009 22:53
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11126
 Re: Como me dói!
Adelaide,
Gostei da forma como te libertaste do pesadelo e acordaste envolta em esperança.
Beijinhos na alma
Nanda

Links patrocinados

Páginas em

Páginas sobre