Certa vez, conversava com um amigo na tabacaria, a respeito de sua casa de praia...
Ele me dizia que criava patos e galinhas...
"As galinhas não têm nada na cabeça; se uma vai na frente, as outras seguem atrás".
"Já os patos são muito trabalhosos. Na hora de recolhê-los no terreiro, é um sufoco - voam, correm, berram! E as patas, às vezes, não querem chocar seus ovos; as galinhas chocam por elas".
Quer dizer, então, que você é um escritor, que mora numa casa com cata-vento e cria galinhas obedientes e patos rebeldes...
Depois de refletir um pouco sobre as vantagens de ser pato ou galinha, perguntei:
A propósito, você come suas galinhas?
Uma pausa... E ele me disse:
"Não só como; como saboreei com grande satisfação um pato que me atacou três vezes".
E assim, meu dilema se inicia...
Estariam as galinhas, certas; os patos, errados?
Seriam as galinhas, quietas; os patos, atordoados?
Comentei:
Ao menos, os patos dão trabalho, pra morrer...
Que vantagem haveria andar na linha como uma galinha, se o destino é a panela?
Não seria as galinhas, na rotina das cozinhas, preferência nacional?
Enquanto os patos, tão raros na vida cotidiana, um banquete eventual?
... E o drama evoluia...
Seria eu, uma galinha à mercê da inquietação dos patos?
Não seriam os patos obedientes à sua natureza inquieta?
Homem-galinha, homem-galo, não seriam ambos, patéticos? E por acaso, patéticos, seriam patos éticos?
Mulheres-galinha seriam mulheres obedientes e quietas? Ou metidas a "espertas"?
Pato no Tucupi ou Galinha à Cabidela?
Depois de tantas questões, não chegando a lugar algum, pensei:
Seria eu, por fim, uma pata-de-galinha?
Agora me confundi... E galinha tem pata?
Pra terminar...
Mais vale uma pata na mão, do que galinhas no pé?
Ela