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Carta 34

 

De longe, onde a saudade tortura, os olhos choram e as dúvidas ousaram devorar a minha alma.



Pierre,



Sinto tanto em dizer-lhe, mas meu coração ousou duvidar de ti. Há um desfiladeiro, e, nós dois, caminhamos rente a ele ainda de mãos dadas. Tantas coisas aconteceram, tantas pedras rolaram pelo abismo abaixo, ainda sim, estamos nos apoiando, segurando firme um ao outro, mesmo com tantos percalços, ventos ameaçadores e tempestades de lágrimas. A ausência, devoradora dos sentimentos, é o cruel carrasco impiedoso que apenas espera mais uma queda. E tu, estás tão distante. Não vejo teus olhos, não sinto teu cheiro, não toco tua face com meus dedos... Não o tenho comigo.

Talvez, Pierre, eu e tu, cometemos o ingênuo erro de relatar algo tão nosso. Tenho medo da queda. Tenho medo do que possa acontecer se nossos alicerces cederem de vez. Não, Pierre! Tudo o que temos é tão nosso, tão puro, tão verdadeiro, jamais poderá sucumbir aos tremores nefastos que tanto almejam o desmoronamento desse nosso sentimento. Sempre pensei que só a distância me seria sofrida, nunca imaginei que a dúvida, poderia um dia rondar nossa história como uma fera maldita a espera de uma distração de sua presa para então lançar-se voraz e impiedosa para arrancar-lhe a vida.

A vida Pierre, a mesma vida que tenho dedicado somente a ti, em todos os segundos desse tempo ao qual tento esquecer que existe. Teimo em acreditar ainda mais na nossa história, no nosso amor e na imensa cumplicidade que temos. O tempo é um vilão traiçoeiro, usa de artifícios, abre brechas, ausenta... O que pode ser maior que tudo isso? O amor, somente o amor. Quando cá, leio esta tua carta, meu coração chora copioso, imitando meus olhos, que tantas vezes sorriram junto aos meus lábios quando lia tuas saudades, teu amor, tua imensa vontade de estar junto a mim.

Sinto tristeza em tuas linhas, sinto como cada uma dessas palavras carregassem um martírio de dores sofridas, de noites em claro, de silêncios solitários, de lágrimas confessas e de uma copiosa vontade de jogar tudo ao vento e estar junto a mim, como se nada mais importasse, mas não o cobro, dou-te o tempo que pedistes, pois sei o quão é importante a França neste momento, sempre foi da tua vontade. Há uma fenda, mas ainda sim, tua mão segura a minha, e nada pode fazer com que eu a solte.

Esqueçamos Michel e Marie. Não há espaço para tantos nessa nossa, tão somente nossa caminhada. O que está escrito, mesmo que não seja em laudas, mesmo que não seja publicado aos quatro ventos, está escrito, e, isso é o que há de mais único, especial e eterno. Amo-te Pierre, e meu coração é teu por inteiro. Minha vida maltratada por tantos dissabores, hoje reconhece o que é amar, graças tão somente ao que somos. Não deixemos que o abismo, o oceano, as dúvidas e a ausência, destruam o que há de mais precioso em nossas vidas; o nosso amor, a nossa história.

Eu não seria Jolie, se tu não fosses Pierre. Eu não haveria de achar um sequer sentido na minha vida se não fosse pelo teu amor por mim. Sobreviveremos, amour. Sobreviveremos.



Beijos da tua Jolie, que sempre foi e sempre será a tua Jolie.



Eu te amo, e não há medida para o meu amor.



Jey

 
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