minha alice luc
Hoje
onde estarias se fosse
eu a subir?
Talvez numa rosa,
talvez, mas
já foi tarde, muito
tarde: os
ventos migaram-se
sempre com
cardos neste piano
de passagem
para o pólen, e sinais
houve de
uma lua
que
a atira-
ram a
passos do
mar, a passos
de um rio, e sinais
altos ou muito al-
tos quase houve também
do vento, do meu, ou
sempre e tão suave-
mente do meu so-
bre o teu espe-
lho quando
molhas os
pés, Meu
amor
um violino cego na vagina da tarde e o orgasmo reencaminhado pelo desespero dos dedos
.
naquela
tarde
que ambos recordámos
de pequena
eu pude ter a lua
cortada
à tua frente,
e sempre
naquele
embrulho
de polvo
com nevoeiros
que não visse
o mar onde te sento
uma vez em
anos
Fernanda Moreira
Ponho
no teu dedo um rio de
barbos e em
cinza
degraus de
vapor onde o meridiano
é Washington
separado
pelo
mar;
mas ainda
assim
tenta voar: a tarde
depois será
não a leres, será
também
não a veres, quando
os lobos
chegarem
das planícies, dos
ventos,
destes que as marés
agitam
como
um outono
mal criado, como
um outono sentado sobre
as árvores desocupando
do mar e fora do mar,
a única noite
acontecida
de espe-
lhos
ana júlia
Talvez
hoje passe ainda com o vento.
Talvez, e não é ainda
o céu o que podes levar. Tenho
a lua
em cima do teu quarto, a lua, e
este piano que a
vem tra-
zer.
Tenho-a,
e, talvez, eu não a saiba pôr:
o anoitecer
é um jardim acompanhado da
memória,
um jardim, o teu, e preciso ver
o que fa-
zes.
Não sei de onde vens, nunca sei:
mas há
um vento, mas há
sempre um
vento,
..e
com
a tua blusa que é ainda uma rosa,
uma seda com janelas,
uma seda
ou esse Inverno
habilmente bordado aos divãs
de Freud, pelos lagos
que faltam numa
estrela, Meu
amor
os teus peixes vivem nos sinos
Vamos brincar, ainda que estas
montanhas
possam adiar os ventos;
vamos,
as marés continuam magníficas,
as marés continuam, mas
antes os comboios passam-nas,
e só depois a lua
é maior.
E agora que chegaste, os barcos jogam
e com esta insónia. Os
barcos jogam, e os teus peixes
vivem nos sinos,
ou na rua
Langestraat 47.
Os teus peixes vivem nos sinos,
e nunca dão por certa
a lua que te vai nos
lábios, Meu
amor
desço contigo os grandes degraus que voam no incêndio do sono
.
Encontrava-te nas esquinas do Outono
e era depois
a lua a molhar o Verão e não sabias
do livro
BEIJA-ME ONDE AS FLORES POSSAM FLUTUAR
Dezembro, 2016
https://www.wook.pt/livro/beija-me-ond ... ar-eugenio-trigo/19011333