Poemas : 

Arquivos líquidos do corpo

 


Os dedos passam pela pele da água
e esquecem que são corpo.
Escuto.
É a infância
a sede
os nomes de quem partiu
sem dizer adeus.

Há vozes que só a água entende.

Pulsam
na vibração dos gestos que permanecem
transfigurados.

Tenho rios por dentro
estações que não chegaram a acontecer
e um mar antigo
que se move
quando fecho os olhos.

Há vozes que só a água guarda.

O sal sabe histórias do meu nome
antes de mim.

Cada lágrima é um mapa.

O corpo lê-se em camadas de sal.
As quedas
os toques
as ausências que molharam os ossos.

Há palavras que não sabem ser ditas.

Guardam-se
entre vértebras de silêncio
onde a água decanta a dor
escrita por dentro.



 
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idália
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