Poemas : 

Sem destinatário

 


É neste quase-nada

que o corpo reaprende o peso da sombra

o frio da espera

a vertigem de escrever

sem destinatário.




Memórias estilhaçam-se

num tempo interior

que pulsa no silêncio.




Reza-se uma oração

sem fé




apenas para não esquecer a voz.




A espreitar um universo suspenso

entre o instante

e o infinito.




Escavam-se camadas

de uma luz imóvel




num ritual

de existir

entre escombros.






 
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idália
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Enviado por Tópico
MÁRIO52
Publicado: 04/07/2025 17:43  Atualizado: 04/07/2025 17:43
Colaborador
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 Re: Sem destinatário
Quando o corpo se desprende da mente, e divaga num vacum entre memórias, é sombra que vagueia no silêncio, da sua própria inquietação.

Gostei bastante, amiga idália.

Abraço.

Mário Margaride

Enviado por Tópico
Aline Lima
Publicado: 05/07/2025 01:37  Atualizado: 05/07/2025 01:37
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Localidade: Brasília- Brasil
Mensagens: 878
 Re: Sem destinatário p/ Idália
Olá, Idália.
Li e fiquei com algo suspenso... como se o poema respirasse devagar nesse silêncio que diz tanto, nessa espera quieta, cheia de sentido, que quase dói, mas que também parece um jeito delicado de lembrar, de insistir em existir.
Lindo!

Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 05/07/2025 11:22  Atualizado: 05/07/2025 11:25
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16207
 Re: Sem destinatário
É neste quase tudo
Que se desvenda o mundo
No afã da poesia alheia
No cantar da bela sereia
Cujo canto profundo
Encanta este ser que te homenageia.