Porquê...
Porquê que em mim,
palavras são a brisa,
que sossega o mundo em mim,
são o suspiro que a minha alma precisa.
Nunca a dor foi tão suave,
acompanhada da solidão,
que me deixam flutuar assim leve,
leve momento que estou sem coração.
Coração que levou a menina linda,
que não vejo em momento algum,
perguntas que faço ainda,
por me sentir como nenhum.
Em banalidades vulgares,
sento-me à espera da hora,
fixo em passageiros olhares,
que me aconchegam agora.
Porquê que me deixas assim,
em confusão e perdido,
não percebo, mas sou assim,
e nunca me senti mais vivo.
Sem me importar de saber
A noite não tem braços
que te impeçam de ir,
entras no meu sonho, em leves passos,
e tu iluminas-me com o teu sorrir.
A tua voz vive em mim,
sou o puzzle de mil peças
que parece não ter fim,
sou um ser imperfeito que quero que não esqueças.
De repente tudo sozinho,
ninguem por aqui,
ninguem no caminho,
fecho os olhos, vejo-te a ti.
Então sofro caminhando,
custa menos assim,
na areia a pegada chorando,
marca que fica sem fim.
Sou eu quem te devora
em todos os meus poemas,
és a minha inspiração agora,
és todos os meus temas.
Sinto o ar me cansar
Sentado no bar
Vejo o cigarro
No cinzeiro a esfumaçar
A essa imagem me agarro
Que nada é infinito
Até o fumo desaparece
E no dito e não dito
Tudo eventualmente se esquece
Ou porque a cabeça quer
Ou somente o tempo enterra
Todas as memórias de um viver
Em tempos de paz ou guerra
E procuro o medicamento
Que me faça começar do zero
Quero-o a todo o momento
Por algo novo sempre espero.
Quando um suspiro me fala
Quando um suspiro me fala
nem o silêncio o cala,
me fala e me segreda ao ouvido
que sou poeta, fui escolhido.
Calo-me então e presto atenção
ao som, esse silêncio bom
que me espera, como se fosse a primavera,
e me vai levando, como que embalando.
A primavera passa, a inspiração escassa,
sou escravo, da liberdade de um cravo,
da graciosidade da rosa, essa poética prosa,
se falo em flores, pinto o poema de cores.
Quero pintar, e falar,
em tudo, até de um labirinto, em tudo o que sinto,
se um dia mentir, mesmo que a sorrir,
é porque falei, e mais uma vez não me calei.
Quando um dia, me deixar ir em noite fria,
deitado numa qualquer rua, olhando a lua,
lembro o tempo contigo, aquele em que fui amigo,
lembra-me um momento, sou feliz por muito tempo.
Como te vejo hoje
És linda,
é impossível ficar
calado, sentado ainda,
é hoje que quero te amar.
Não há nada mais para dizer,
teu olhar encanta,
tudo isso que não quero esquecer,
enquanto tua boca me canta.
Teus lábios beijar,
é como no verão
mergulhar nesse mar,
no instante que acelera coração.
Oiço-te dizer adeus,
não o conheço,
o teu olá é como subir aos céus,
de tudo o resto me esqueço.
Como hoje te vejo,
como sempre foste linda,
e agora num pequeno desejo,
quero-te perto ainda.
Estou magoado e desfeito
És uma amiga,
mas hoje estou magoado,
já nem sei o que te diga,
tuas palavras fazem-me sentir desprezado.
Desprezado por ti,
por teu coração,
tenho tentado estar aqui,
mas tens como que me largado a mão.
É isso que sinto
em todas as tuas atitudes,
se disser que estou bem, eu minto,
pois eu não acredito que mudes.
Tantas são as tuas promessas,
e eu já nem sei o que pensar,
tantas palavras essas
que me sabem magoar.
Hoje sou a tristeza
que vemos em tanta gente,
daquela em que vou chorar de certeza,
para fora, e para dentro da minha mente.
Talvez apenas escondido
sem que ninguem me veja,
pois tudo isto é por mim sentido,
tudo o que tens feito, já não sei quem sejas.
Crescimento
E se em vago momento
falar sem te olhar,
não por ter medo de ti
mas apenas por te respeitar.
Falo ao tempo
e a toda a inspiração,
agradeço o crescimento
e apenas olho com o coração.
Não preciso de te ver
para saber que te vejo,
és um doce viver
um pequeno desejo.
Um pequeno querer
em todo o meu esplendor,
assim quando não te ver
não sentirei dor.
És a bela mulher
És a bela mulher
que flutua nesta rua,
vem comigo te perder,
por aqui em noite tua.
Lua ilumina
esta noite escura,
acompanha-te a ti, menina,
e no céu lá em cima, ainda perdura.
És aquela
doce companhia,
és em tudo bela,
até em tua vaga alegria.
Não sei como cheguei aqui
Hoje estou mais só
do que quando estou sozinho,
no peito o nó,
em mim, falta de carinho.
Hoje estou como a saudade,
que o mundo deserta,
sou apenas uma metade
de tudo, estou em parte incerta.
Mão quente,
coração frio,
serei eu diferente,
por me sentir vazio.
Não sei como cheguei aqui,
leva-me para casa agora,
dá-me a mão, deixa-me ser em ti,
algo que fica e nunca vai embora.
Rua da saudade
Rua da saudade,
onde passa a pessoa
de qualquer idade
de qualquer vontade
num passo largo
de cumplicidade,
vou de mão dada
com a simplicidade
do meu eu,
tenho saudade
da criança que fui,
vivendo na crença
que a vida flui
como o rio
que desagua no oceano
num curso próprio
como o passeio
sobre o qual caminho
talvez sozinho
e de já tenra idade
na minha rua da saudade.
Bento
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