Apenas um segundo
O que reconhecemos como a história da vida
Equivale apenas a um minuto
Quando a sua verdadeira essência
É o tempo todo, o absoluto.
O que reconhecemos como tempo
Divide-se em hora, minuto e segundo
Quando a verdadeira passagem dele
É o que se está vendo, o mundo.
O que reconhecemos como mundo
Subtrai-se dum mero pensamento
Quando a forma de o olhar
É, apenas, presenciando o momento.
O que reconhecemos como momento
Adiciona-se a toda a nossa comunhão
Quando a sua única existência
É o eterno resultado da acção.
O que reconhecemos como acção
Multiplica-se através das nossas razões
Quando é apenas e somente
O conjunto de todas as vibrações.
Quando me penso....
Tu que me pensas
Nunca me respondes ao que eu penso
E se eu penso que te penso
Nunca me respondo
E ao pensar que me penso
(quem) És tu que me respondes?
Penso que só posso pensar
Que és tu que me pensas e respondes
Sempre que eu penso
E penso que não me respondes.
Noites de folia
Quando a cabeça voa perdida
Depois daquela garrafa bebida,
Entra numa aventura desmedida
Onde vale tudo, menos a vida.
Amores sem paixões,
Sentimentos sem emoções,
Atitudes sem intenções,
lembranças sem recordações.
A consciência deita-se cedo!
Mas o pior é no novo dia...
Quando acorda até mete medo.
Sente que fez o que não devia
e que se transformou num brinquedo
nas mãos duma noite de folia!
Introdução
Achei melhor me apresentar
Para se saber do que irei falar.
Gosto bastante de rimar
É a minha forma de me expressar.
Podem não ser poemas de verdade
Mas chegam da minha vontade.
São frutos da minha curiosidade
e podem conter pingos de vaidade.
É muito fácil escrever
A vida que (ainda) não consigo (a)perceber.
Entender, sentir e viver
São partes do meu querer.
Se eu quero não atinjo,
e ao escrever apenas finjo.
Estas letras que vou sentindo
a mim própria estão mentindo.
Mas escrever leva-me a compreender
que existe algo mais que mero querer.
Não interessa que seja esta forma
que (me) descobre a norma.
Tudo o que precisámos
Nada demais posso eu querer
do que aquilo que eu quero receber.
Nada demais posso eu dar
do que aquilo que me faz vibrar.
Nada demais podemos nós querer
do que aquilo que nos faz ser.
Nada demais podemos nós dar
do que aquilo que estamos a procurar.
Eu apenas darei e quererei
tudo e nada do que eu sei.
Ao dar tudo, receberei.
Ao querer, nada perderei.
Completo absurdo
Porque penso que sou o que não vejo?
Como me vês tu meu espelho?
Deslumbras-me com imagens inventadas
Vindas só de mim esses completos nadas.
Revendo-me no meu eu só teu
Atraiçoo-me com o que me pareceu.
Ao continuar sendo representada
Entro no teu mundo de fachada.
Fechada nesse labirinto original
Tudo o que vivi foi igual
Ao que de ti me foi dado.
E o meu reflexo foi enganado.
Querer escrever
Posso não me saber dizer
Mas contento-me pelo querer.
Estas palavras que estou a escrever
Serão minhas ou meu dever?
Não são nada de jeito
Bem o sei.
Mas escrevo-as do meu peito
E aí não errei.
Sou fiel a esse meu direito,
Essa minha lei.
Se vão gostar ou ignorar
É-me irrelevante.
Gosto do que estou a falar
Isso é que é importante.
Faz-me passar bem o tempo.
Distrai-me.
Dão-me sempre novo alento.
Abstrai-me.
Consigo ver mais por dentro.
De mim sai-me.
Assim escrevi um poema.
Chamem-me de louca.
Mas adorei este tema
E isso não é coisa pouca.
to be
Perco-me no mundo onde me encontro...