Pablo Neruda : LIX
em 10/10/2008 21:00:00 (3235 leituras)
Pablo Neruda

Pobres poetas a quem a vida e a morte
perseguiram com a mesma tenacidade sombria
e logo são cobertos por impassível pompa,
entregues ao rito e ao dente funerário.

Eles - obscuros como pedrinhas - agora
detrás dos cavalos arrogantes, estendidos
vão, governados ao fim pelos intrusos,
entre os acompanhantes, a dormir sem silêncio.

Antes e já seguros de que está morto o morto
fazem das exéquias um festim miserável
com pavões, porcos e outros oradores.

Espreitaram sua morte e então a ofenderam:
só porque sua boca está fechada
e já não pode contestar seu canto.


**************************************************


Imprimir este poema Enviar este poema a um amigo Salvar este poema como PDF
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Links patrocinados

Visite também...