Prosas Poéticas : 

QUANDO MEU PÉS NÃO QUISEREM MAIS AS RUAS

 
Tags:  a alma nua  
 
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Gê Muniz

QUANDO MEU PÉS NÃO QUISEREM MAIS AS RUAS

Quando a apatia usurpar minhas mãos tornando-as icebergs congelados; quando o semblante não mostrar alguma emoção, tal um mar sem marés em sal desertificado; quando meus pés não quiserem mais as ruas, nem mais ansiarem roçar o chão, mas apenas em avançar, por nada, suas unhas, talvez, neste instante, neste transcendente instante, eu tenha enfim defrontado, em meio a este temerário não-desejo, aquela minha doce alma nua que, aqui, anacrônica, sempre coexistiu pareada à esta alma outra, tão ansiosa por todas as coisas, mas que estava, por décadas, velada pelas irretocáveis e matemáticas fases da lua e pelas brutas e inconstantes fases minhas...

(Gê Muniz)
 
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GeMuniz
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Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 12/01/2013 00:36  Atualizado: 12/01/2013 00:36
Colaborador
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 Re: QUANDO MEU PÉS NÃO QUISEREM MAIS AS RUAS
"mas que estava, por décadas, velada pelas irretocáveis e matemáticas fases da lua e pelas brutas e inconstantes fases minhas..."


Esse final é um espetáculo.

Bj

Karla B


Enviado por Tópico
Propoesia
Publicado: 12/01/2013 00:48  Atualizado: 12/01/2013 00:48
Usuário desde: 14/11/2012
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Mensagens: 351
 Re: QUANDO MEU PÉS NÃO QUISEREM MAIS AS RUAS
Sabe, Gê...? Acho que as suas fases são cada vez mais constantes - resultado, talvez, do meu movimento de translação... ou do seu movimento de rotação, em busca dessa sua alma-outra.